domingo, 13 de junho de 2010

EnCena 2010 - MOSTRA DE TEATRO DE JACAREZINHO -


Foto: João Caldas


MOSTRA DE TEATRO ENCENA

O EnCena, Mostra de Teatro de Jacarezinho, começa na próxima segunda-feira, dia 21, com programação até a sexta-feira, e trará para a região algumas das grandes produções teatrais do país.

A Prefeitura de Jacarezinho, que realiza o evento, conta com patrocínio da Itaipu Binacional e com o apoio da Universidade Estadual do Norte do Paraná, UENP e do Conjunto Amadores de Teatro, CAT.

A mostra é produzida por Danilo Oliveira e Aline Sales e os ingressos podem ser adquiridos no CAT a preços bem populares. (R$ 6,00 e R$ 3,00 para estudantes).

Assim, numa soma de forças a sexta edição do EnCena apresentará durante toda a semana espetáculos teatrais de alta qualidade, que podem dar um panorama do melhor da produção teatral nacional. No primeiro dia, uma premiadíssima montagem do texto “A alma boa de Setsuan” de Bertold Brecht, que conta com a atriz Denise Fraga no elenco que, é composto por onze atores, em sua maioria comediantes, muito deles com vivências em grupos como: Ornitorrinco, Teatro da Vertigem, Círculo dos Comediantes e Bendita Trupe. Há quase 2 anos em cartaz, com sucesso absoluto de público e de crítica, a importância dessa visita a Brecht é justamente o seu caráter popular, comprovado no grande êxito da turnê que agora passa por Jacarezinho.

Ainda antes, na mesma segunda-feira, terá Circo Teatro Sem Lona, na frente da prefeitura. “O Amor de Peri e Ceci”, inspirado na obra de José de Alencar é um espetáculo de rua irreverente, dinâmico, satírico e musical, apoiado na linguagem simples e popular, como meio de atingir o espectador. Desde sua estréia, tem participado de inúmeros festivais e mostras de teatro, conquistando prêmios e solidificando o nome da companhia como uma das mais atuantes no estado do Paraná.

Na terça-feira, dia 22 é a vez do poético espetáculo “Agreste”, que esta no cenário teatral desde 2004 com sucesso absoluto no Rio de Janeiro e em São Paulo, a peça participou de quase todos os grandes festivais do país. A Companhia Razões Inversas, que tem 20 anos com uma importante trajetória, participa do EnCena 2010 com um espetáculo que certamente sensibilizará a platéia.

Nos dias 23 e 24, o Grupo Delírio Companhia de Teatro comandará a programação. A respeitadíssima companhia é dirigida por Edson Bueno, um grande artista que assina espetáculos de muita repercussão, principalmente por conta da sua originalidade. Na verdade, o grupo já tem uma forte ligação com o EnCena, tendo participado de outras edições e conquistado o público. Na quarta-feira será apresentado o “KAFKA – escrever é um sono mais profundo do que a morte”, que foi o espetáculo mais premiado na edição 2009 do Troféu Gralha Azul.

Na quinta-feira a apresentação é “A VIDA COMO ELA É NELSON RODRIGUES”. Um espetáculo/revista que se utiliza de contos de Nelson Rodrigues, como “Delicado” e “Selvageria”, mais a história real da tragédia do assassinato de seu irmão Roberto Rodrigues, na redação do jornal de seu pai, para estabelecer um diálogo franco e expressionista com o pensamento e a obra do maior dramaturgo brasileiro.

Para encerrar a 6ª Mostra de Teatro EnCena o espetáculo “Doido” que é o sétimo solo de Elias Andreato, ator respeitado por seus mais de 30 anos de consistente carreira. “É no teatro, a grande casa de doidos da humanidade, onde podemos viver intensamente todos os personagens e espiá-los pelo buraco da fechadura, vasculhando suas celas e roubando-lhes suas almas, para que essa genialidade possa nos trazer alguma sabedoria”, diz Elias.

(Danilo Oliveira)





PREFEITURA MUNICIPAL DE JACAREZINHO
DEPARTAMENTE DE CULTURA DE JACAREZINHO
TELEFONE: (043) 3911 3024



DE 21 A 25 DE JUNHO


INGRESSOS:
CAT
TELEFONE: (043) 3525 0671
R$ 6,00 – INTEIRA
R$ 3,00 – ESTUDANTES


PRODUÇÃO: DANILO OLIVEIRA E ALINE SALES

REALIZAÇÃO: PREFEITURA DE JACAREZINHO
PATROCÍNIO: ITAIPU/BINACIONAL
APOIO: Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP e Conjunto Amadores de Teatro - CAT.
FOTOGRAFIA E ARTE: CLARA F. FIGUEIREDO
AGRADECIMENTO ESPECIAL: ODILON WAGNER



PROGRAMAÇÃO:


O AMOR DE PERI E CECI
Circo Teatro Sem Lona - TEATRO DE RUA
Data: 21de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 15 horas
Local: na frente da Prefeitura de Jacarezinho

- A ALMA BOA DE SETSUAN
Com Denise Fraga – São Paulo
Data: 21 de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT

- AGRESTE
Companhia Razões Inversas – São Paulo
Data: 22 de junho de 2010 (Terça-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT

- KAFKA – ESCREVER É UM SONO MAIS PROFUNDO DO QUE A MORTE
Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba
Data: 23 de junho de 2010 (Quarta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT

- A VIDA COMO ELA É - NELSON RODRIGUES
Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba
Data: 24 de junho de 2010 (Quinta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT

- DOIDO -
Com Elias Andreato - São Paulo
Data: 25 de junho de 2010 (Sexta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT

A ALMA BOA DE SETSUAN


foto: João Caldas



Com Denise Fraga – São Paulo

Data: 21 de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 20h30
Local: CINE TEATRO IGUAÇU



A parábola é ambientada na China. Os deuses descem a Terra à procura de uma alma boa. Quando chegam a uma província chamada Setsuan, encontram a prostituta Chen Tê que lhes dá guarita por uma noite.

Assim, eles concluem ser ela a alma boa que tanto procuravam e resolvem lhe pagar pela hospedagem. Com o dinheiro, Chen Tê abre uma tabacaria e muda a sua vida. Dona de seu próprio negócio, Chen Tê começa a sentir que os miseráveis da cidade estão abusando de sua imensa generosidade. Sem conseguir dizer não, ela resolve vestir a “máscara do mal”.

Traveste-se de uma figura masculina, seu primo Chui Ta que teria vindo de longe para tomar conta de seu negócio. As ações de Chui Ta em tudo diferem das de Chen Tê. O que Chen Tê não consegue recusar por fraqueza, Chui Ta retoma com força. Como é possível ser bom e ao mesmo tempo sobreviver nesse mundo competitivo em que vivemos??


foto: João Caldas


PRÊMIOS:

Prêmios APCA 2008 de Melhor Espetáculo e Melhor Atriz (Denise Fraga).
Prêmio Shell SP – Melhor Direção
Prêmio Quem 2008 – Melhor Atriz (Denise Fraga)
Prêmio Qualidade Brasil SP 2008 – Melhor Atriz de Comédia (Denise Fraga)
Prêmio Qualidade Brasil RJ 2009 - Melhor Atriz de Comédia (Denise Fraga)
e Melhor Espetáculo de Comédia.
Prêmio Shell SP 2008 de Melhor Direção, além das indicações nas categorias: Cenário, Figurino, Iluminação e melhor atriz (Denise Fraga).



foto: João Caldas

FICHA TÉCNICA:

A ALMA BOA DE SETSUAN, de Bertolt Brecht

Direção de Marco Antônio Braz
Assistente de direção: Ana Paula Nero
Adaptação de Marco Antônio Braz e Marcos Cesana

Elenco Personagens

Denise Fraga Chen Tê / Chui Ta
Ary França Deus / Carpinteiro Lin To
Cláudia Mello Sra. Chin
Marcelo Laham O Aviador Sun
Kiko Marques Wang
Vera Mancini Mit Su / Sra. Yang
Fábio Herford Velho / Chu Fu
Laerte Mello Policial / Tapeceiro / Bonzo
Maristela Chelala Velha / Tapeceira
Virgínia Buckowski Nora
João Bresser Desempregado


Equipe
Cenografia/Direção de Arte Márcio Medina
Trilha Sonora Théo Werneck
Iluminador Wagner Freire
Figurinista Verónica Julian
Visagista Emi Sato
Produção Executiva: José Maria
Direção de Produção: Fernando Cardoso e Roberto Monteiro


Há quase dois anos em cartaz, a premiada montagem de A Alma Boa de Setsuan percorreu 16 cidades, sendo encenada para públicos distintos do sul ao nordeste do país - incluindo temporada de 2 meses de sucesso absoluto no Rio de Janeiro - em teatros com capacidade entre 400 e 2.100 lugares. Em todos os locais, a peça obteve total aprovação das plateias.
A importância dessa visita a Brecht é justamente o seu caráter popular, comprovado no grande êxito da turnê com mais de 130 mil espectadores.
A Alma Boa de Setsuan desvenda o fazer teatral diante do público. Os próprios atores recebem a plateia, distribuem o programa, manipulam o cenário e fazem o serviço de contrarregragem. A intenção cria um elenco com o espírito de grupo de teatro, totalmente disponível artisticamente para contar a história que Brecht escreveu há quase 70 anos”, revela o diretor Marco Antônio Braz, amigo e contemporâneo de Denise Fraga.


foto: João Caldas

“Faço teatro, cinema e televisão e acho muito bom entrelaçar estes veículos, aproveitar a popularidade proporcionada pela televisão, por exemplo, para levar aos palcos textos clássicos de forma sedutora. Um clássico não é clássico à toa, tem algo ali de universal, que atravessou o tempo tocando os corações de pessoas. Acho que grande parte do público que viu a peça talvez nunca tenha visto um Brecht e pôde se surpreender e se divertir tanto com ele. Sem deixar de levar para casa a reflexão que ele queria”, diz Denise, que interpreta a prostituta Chen Tê.

O elenco é composto por onze atores, em sua maioria comediantes, muitos deles com vivências em grupos como: Ornitorrinco, Teatro da Vertigem, Círculo dos Comediantes e Bendita Trupe.

O AMOR DE PERI E CECI


foto: Nagela Souza

Circo Teatro Sem Lona

Espetáculo inspirado na obra “O Guarani” de José de Alencar. Utiliza linguagem e técnicas circenses; irreverente, satírico e musical, assim pode ser descrita a comédia eclética do Circo Teatro. O amor platônico de Peri por Ceci pode ser chamado de mito brasileiro, o autor sugere a criação de um povo, deixando apenas Ceci e Peri para iniciarem uma nova raça pura para o Brasil. A história é encenada por quatro clowns, num picadeiro onde são valorizadas as cores e vegetações brasileiras.
A encenação é conduzida por arranjos e músicas nacionais. Também enriquecem as estripulias os sons incidentais.


foto:Nagela Souza

TEATRO DE RUA

Data: 21de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 15 horas
Local: na frente da Prefeitura de Jacarezinho


Adaptação e Direção:Pedro Ochoa

Atores:Pedro Ochoa, Marcos Trindade, ateus Moscheta e Valéria Bonifácio

Companhia: Circo Teatro Sem Lona – Maringá – PR


Indicado para todas as idades!

AGRESTE


foto: Tati Cardoso

Companhia Razões Inversas – São Paulo


Data: 22 de junho de 2010 (Terça-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT


No meio da seca, um casal de lavradores simples descobre o amor e fogem.
Pressentem que "algo" de perigoso paira sobre seu amor. A esposa vem a compreender o porquê, nos depois, após a morte do marido. Essa mulher machucada pela perda, sem entender a dimensão de seus atos, acaba sendo vítima do horror da intolerância. AGRESTE é um vigoroso manifesto poético, uma fábula sobre ignorância, preconceito e amor incondicional. Em cena, dois atores narram e representam as personagens de sua estória. Esses atores montam e desmontam a cena, com o mesmo domínio que assumem a passagem narrador-personagem para personagem-narrador.


O espetáculo recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) os prêmios de melhor espetáculo e melhor texto, além do prêmio SHELL de melhor autor.



foto: Tati Cardoso

DADOS DO ESPETÁCULO AGRESTE

Faixa etária: adulto
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos

FICHA TÉCNICA
Texto/concepção: Newton Moreno
Direção: Marcio Aurelio
Cenário: Marcio Aurelio
Iluminação: Marcio Aurelio
Direção de produção Renata Araújo
Figurino: Marcio Aurelio
Trilha Sonora: Marcio Aurelio
Elenco: João Carlos Andreazza, Paulo Marcello
Técnicos: André Lemes

- KAFKA – ESCREVER É UM SONO MAIS PROFUNDO DO QUE A MORTE


Foto: Chico Nogueira


Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba

Data: 23 de junho de 2010 (Quarta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT



O pequeno Franz Kafka vive em Praga, Tchecoslováquia e faz da cozinha da casa de sua mãe um refúgio secreto para uma imaginação fértil e um terrível medo da humanidade. Oprimido pelo pai, transforma a sua rotina diária de preconceitos contra o fato de ser judeu em imagens de grande força dramática. Kafka faz então da cozinha de sua mãe, uma espécie de portal para a vivência lúdica com os próprios protagonistas de sua fantasia de terror. Monstros, Animais e Seres Fantasmagóricos que representam poderes políticos, familiares e religiosos convivem, no silêncio da madrugada, com o menino. Desta experiência dolorosa, mas original, nasce uma das mais importantes obras literárias do mundo. O texto é uma investigação livre, poética, mas comprometida, sobre os fantasmas (frutos de conhecimento, medo e inteligência), que fazem da literatura, uma obra artística, mas também dolorosa, porque retrata a sociedade pelos caminhos da sombra. Revelar Franz Kafka é iluminar a inteligência da platéia e emprestar à linguagem teatral um material riquíssimo que permite a criação de um espetáculo de teatro vivo e moderno.



Foto: Chico Nogueira

Ficha técnica
Texto e direção: Edson Bueno

Elenco: Regina Bastos
Marcel Gritten
Diego Marchioro
Martina Gallarza
Guilherme Fernandes
Edson Bueno

Cenografia: Gelson Amaral
Figurinos e Maquiagem: Áldice Lopes
Iluminação: Beto Bruel
Sonoplastia: Chico Nogueira
Adereços: Alfredo Gomes
Programação Visual: Marcos Minini
Cenotécnico: Sergio Richter/Proceniun
Operação de Luz: Fernando Albuquerque
Operação de Som: Leonardo Pimentel

Direção de Produção: Diego Marchioro

Realização: Grupo Delírio Cia. De Teatro

Este espetáculo estreou no mês de junho de 2009 no Teatro Novelas Curitibanas – Curitiba/Pr

Recebeu os seguintes prêmios na edição de 2009 do Troféu Gralha Azul, para os melhores do Teatro Paranaense:
. Melhor espetáculo
. Melhor texto – Edson Bueno
. Melhor direção – Edson Bueno
. Melhor ator coadjuvante – Edson Bueno
. Melhores adereços – Alfredo Gomes






UMA ESPECULAÇÃO PERIGOSA E IRRESPONSÁVEL SOBRE A INFÂNCIA DE FRANZ... KAFKA!

“Antes de ser adjetivo, Franz Kafka (1883-1924) era um judeu de Praga, nascido na inescapável tradição de fantasiosos contadores de histórias, habitantes do gueto e refugiados eternos.
Praga, na época do nascimento de Kafka, em 1883, ainda fazia parte do império dos Habsburgos na Boêmia, onde coexistiam, para o bem ou para o mal, várias nacionalidades, linguagens e orientações políticas e sociais. Para Kafka, nascido checo e falando alemão, mas na verdade nem checo nem alemão, não era fácil formar uma identidade cultural clara.
Não é preciso dizer que, para um judeu nesse meio, a vida era um delicado equilíbrio. Você se identificava primeiramente com a cultura alemã, mas vivia entre os checos. Falava alemão porque era parecido com o ídiche e era a língua oficial do império. O nacionalismo checo crescia contra a predominância alemã, e os alemães geralmente tratavam os checos com desdém. E, é claro, TODOS odiavam os judeus”.
Este fragmento, extraído do livro “Kafka de Crumb”, faz um panorama simples e veloz do começo da vida daquele que é um dos maiores e mais originais escritores do século XX: Franz Kafka! Autor de verdadeiras obras-primas conhecidíssimas como “O Processo”, “A Metamorfose”, “O Castelo”, “Na Colônia Penal” e “Carta ao Pai”, Kafka teve uma vida confusa, dolorosa e intensa, intelectualmente falando. Seus escritos relataram de forma expressionista, mas de precisão cruelmente cirúrgica, a condição humana diante da autoridade superior inatingível, fosse ela representada pelo governo, pela burocracia, pelo patrão, pelo policial, pela figura paterna ou até mesmo pelos fantasmas habitantes da vida interior. Seus personagens, acompanhando seu próprio sentimento diante da vida, reduziam-se, transformavam-se, decaíam e pereciam diante da doença que, segundo ele, era a própria condição humana. Jean-Paul Sartre chamou-o de existencialista, Albert Camus definiu-o como um teórico do Absurdo. Era uma figura ímpar. Nunca se sentiu pertencente a uma classe ou a uma pátria ou mesmo, à sua própria língua. Nem mesmo se sentiu pertencente à sua família. Seu pai, comerciante severíssimo e imponente, sempre mandou na casa com uma autoridade nada sutil. Em seu livro “Carta ao Pai”, Kafka faz um testemunho pungente de sua relação com ele. Seu pai passou à história como mais um dos personagens do escritor, como uma espécie de personificação macabra de tudo o que, já na juventude, assombrava Franz Kafka : o poder, o castigo e a morte. A vida, segundo a literatura de Kafka, é uma eterna incompreensão e o mundo, uma insensatez.

“Toda a educação assenta nestes dois princípios: primeiro, repelir o assalto fogoso das crianças ignorantes à verdade e depois, iniciar as crianças humilhadas na mentira, de modo insensível e progressivo.”

Como teria sido a infância de Franz Kafka? Como poderia ter sido? Ou melhor, como poderia ter sido uma infância de um Franz Kafka? É desta brincadeira macabra que nasce esse nosso espetáculo. Transformamos o mais famoso escritor do século XX num personagem dele mesmo e jogamos com suas palavras, seu tempo, suas ideias e obsessões. O objetivo? Um sentimento artístico muito puro, mas bem pouco inocente. Um desejo de manipulação subjetiva, quando queremos transformá-lo num personagem dele mesmo e, percorrendo verdades históricas como racismo, preconceito, fascismo, acrescidos de lendas e abismos psicológicos familiares, sugerimos (irresponsavelmente!) que sua imaginação peculiar estava pronta para fazer dele o escritor que foi. Ao mesmo tempo dialogamos com a infância, suas assombrações e suas ansiedades. É muito? Talvez nem tanto, quando ainda usamos e abusamos de seus romances, contos e aforismos para construir uma outra história dele mesmo. Conta-se que, quando Kafka lia trechos de “O Processo” em voz alta para seus amigos, ria incontrolavelmente! Nosso espetáculo não chega a tanto, mas procura seguir os passos de nosso escritor preferido, ao transformá-lo num personagem de ficção, vítima de sua própria literatura. Esperamos que por essa heresia, não venhamos a receber numa manhã qualquer, a visita de policiais que nos levarão a intrínsecos corredores de um julgamento que, fatalmente, nos conduzirá à condenação. Mas se isso vier a acontecer... bem, nada mais kafkiano!

Edson Bueno

A VIDA COMO ELA É - NELSON RODRIGUES


(Foto: Elenize Dezgeniski)

Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba

Data: 24 de junho de 2010 (Quinta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT


A VIDA COMO ELA É NELSON RODRIGUES é um espetáculo/revista que se utiliza de contos de Nelson Rodrigues, como “Delicado” e “Selvageria”, mais a história real da tragédia do assassinato de seu irmão Roberto Rodrigues, na redação do jornal de seu pai, para estabelecer um diálogo franco e expressionista com o pensamento e a obra do maior dramaturgo brasileiro. Toda a literatura dramática obsessiva, violenta e romântica do maior autor brasileiro é vivida no palco numa narrativa que mistura linguagens e delírios.

O espetáculo recebeu 06 (seis) indicações ao Troféu Gralha Azul, incluindo espetáculo, diretor e ator.


(Foto: Elenize Dezgeniski)

Em dezembro de 1929, Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo brasileiro, tinha dezessete anos e trabalhava no jornal “Crítica”, propriedade de seu pai, Mario Rodrigues. Estava na redação quando Sylvia Thibau, vítima de manchetes difamadoras, atirou à queima-roupa em seu irmão Roberto Rodrigues, então com 23 anos. Queria, na verdade, matar Mario Rodrigues. Na ausência deste, matou o filho disponível. Roberto era ilustrador do mesmo jornal e tombou na sala ao lado. A reportagem policial entrou na vida de Nelson pela intimidade da dor e da perda. Ninguém tem dúvidas de que esse crime influenciou o escritor polêmico que mudaria a história, principalmente, do teatro brasileiro. As paixões arrebatadoras, inexplicáveis e trágicas, apimentadas pelo estilo jornalístico e escandaloso deram estilo à sua obra. Nelson conseguia a proeza de, numa linguagem seca e econômica, descrever com clareza, profundas almas atormentadas; e ao mesmo tempo, manter a distância necessária para até rir delas, como quem ri com dor, das próprias mazelas. Era um apaixonado pelo espírito humano e seus defeitos. Sofria com as impossibilidades e regozijava-se com as pequenas vitórias. Amava o ser humano no que ele tem de mais particular, nunca aceitando o homem como algo sobre o que, é possível generalizar. Para Nelson, cada homem é começo, meio e fim dele mesmo. Incomparável e indivizível. Aceitava a solidão como trágica condição humana. Só é possível ver Nelson Rodrigues como um moralista, num mundo de generalidades. Mas Nelson não foi apenas um dramaturgo, foi também repórter, cronista, contista e romancista. Sua obra deu-lhe o apelido de “pornógrafo”, sua postura política deu-lhe o título de “reacionário”. Assim viveu e assim morreu. Um indignado, um bufão de olhos gigantes, um artista de olhar privilegiado. Até hoje, 29 anos após sua morte, sua obra enxerga o que nossos olhos ainda não vêem. Partidário de um teatro que chamava de “agressor”, nunca se intimidou diante das cobranças sociais e das perseguições políticas (era, por exemplo, censurado pela esquerda e pela direita!) e, contrariando uma tendência de sua época, a do teatro político, desfilou em sua literatura uma galeria de adúlteros, canalhas, incestuosos, apaixonados, obsessivos e violentos personagens que, hoje, ninguém duvida serem retratos fiéis e ainda escondidos, de qualquer ser humano, minimamente humano. Construiu sua obra tendo como protagonista o homem prisioneiro de paixões avassaladoras, consideradas vergonhosas pela sociedade. Uma obra/julgamento, como ele mesmo definiu. Mas um julgamento brutal que não absolve nunca, só condena. Uma obra de caráter trágico, mas lúcido, cruel e patético! Violento e apaixonado. Nosso espetáculo “A Vida Como Ela É Nelson Rodrigues” é uma celebração e uma homenagem! É também um diálogo franco e expressivo com a vida real de Nelson Rodrigues, seu pensamento polêmico, os contos que ele chamou de “A Vida Como Ela É” e a originalidade de sua obra teatral. Um mergulho pelo mistério de sua coragem e pela ousadia de seus temas e seu estilo. Um espetáculo que faz da metalinguagem sua linguagem, para levar às platéias, a modernidade de Nelson Rodrigues e a profundidade e beleza de seu teatro radical, intenso e puro!
Edson Bueno


(Foto: Elenize Dezgeniski)

Descrições Técnicas do Espetáculo
Drama
80 min.
Maiores de 18 anos

Ficha Técnica
Adaptação e Direção Edson Bueno

Elenco
Regina Bastos Bruel
Tiago Luz
Chiris Gomes
Marcel Gritten
Martina Gallarza
Diego Marchioro

Trilha original Octavio Camargo
Piano David Sartori
Figurino e Maquiagem Áldice Lopes
Iluminação Beto Bruel
Cenário Gelson Amaral
Op. de Luz Fernando Dourado
Op. de Som Leonardo Pimentel

Direção de Produção Diego Marchioro

Assessoria de Imprensa Fernando de Proença e Paula Melech
Fotografia Elenize Dezgeninski
Design Gráfico Marcos Minini

Realização
Rumo Empreendimentos Culturais
Grupo Delírio Companhia de Teatro

DOIDO

DOIDO


(Foto: Selma Morente)



Data: 25 de junho de 2010 (Sexta-feira)
Horário: 20h30
Local: CINE TEATRO IGUAÇU



Com Elias Andreato

Doido é o sétimo solo de Elias Andreato, ator respeitado por seus mais de 30 anos de consistente carreira em suas mais de 50 encenações teatrais.
Com direção, texto e roteiro de Elias Andreato, o espetáculo fica em cartaz até o dia 30 de maio.

A montagem é inspirada na obra de grandes filósofos, pensadores, poetas e dramaturgos, como Artaud, Maiacovski, Rimbaud, Van Gogh, Cervantes, Shakespeare, Nietzsche, Nijínski, Tchecov, Dante, Goethe, Oscar Wilde, Fernando Pessoa, Ivan Ângelo.

Doido, fala de amor e arte mostrando ao espectador o que essa viagem apaixonante pode despertar no artista e no cidadão comum. Um homem narra e vive personagens da dramaturgia universal.

Doido pretende perpetuar os momentos de amor, lucidez e loucura, em que o ator, esse ser atormentado pela criação artística, busca manter-se vivo no seu habitat, o teatro.

“É no teatro, a grande casa de doidos da humanidade, onde podemos viver intensamente todos os personagens e espiá-los pelo buraco da fechadura, vasculhando suas celas e roubando-lhes suas almas, para que essa genialidade possa nos trazer alguma sabedoria”, diz Elias.


Vencedor do Prêmio APCA 2009 de Melhor Ator
Indicado a Melhor Ator Prêmio Shell




(Foto: Selma Morente)

Duração: 60 minutos
Recomendação: 14 anos

Ficha técnica:

Texto, roteiro e direção: ELIAS ANDREATO

Luz: WAGNER FREIRE
Figurino: LAURA HUZAK ANDREATO
Cenário: LUIS ROSSI
Programação visual: ELIFAS ANDREATO
Assistência de direção: DAVID KAWAI

Realização: MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA DE TEATRO ENCENA 2010

- O AMOR DE PERI E CECI -
Circo Teatro Sem Lona - TEATRO DE RUA

Data: 21de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 15 horas
Local: na frente da Prefeitura de Jacarezinho


- A ALMA BOA DE SETSUAN
Com Denise Fraga – São Paulo

Data: 21 de junho de 2010 (Segunda-feira)
Horário: 20h30
Local: CINE TEATRO IGUAÇU



- AGRESTE
Companhia Razões Inversas – São Paulo

Data: 22 de junho de 2010 (Terça-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT



- KAFKA – ESCREVER É UM SONO MAIS PROFUNDO DO QUE A MORTE
Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba

Data: 23 de junho de 2010 (Quarta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT



- A VIDA COMO ELA É - NELSON RODRIGUES
Grupo Delírio Cia. De Teatro – Curitiba

Data: 24 de junho de 2010 (Quinta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT


- DOIDO -
Com Elias Andreato - São Paulo

Data: 25 de junho de 2010 (Sexta-feira)
Horário: 20h30
Local: CAT